Aparelhos de ar condicionado estão esquentando o planeta?

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Eles são uma alternativa aos períodos de calor cada vez mais intensos provocados pelas mudanças climáticas. Estão nas salas de aula, nas lojas e nos escritórios, substituindo os velhos ventiladores. Na França, as vendas do aparelhos de ar-condicionado nas três primeiras semanas em julho deste ano tiveram um aumento de 192%, em relação ao mesmo período do ano passado. Nos próximos anos, serão cada vez mais numerosos. 

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), em 10 anos, 1 bilhão de aparelhos de ar-condicionado serão instalados no mundo. Se incluirmos refrigeradores e outros sistemas que refrigeram alimentos, vacinas ou computadores, esse número pode chegar a 6 bilhões. E embora possam salvar vidas e gerar riqueza nos países mais quentes, seu efeito também pode ser justamente o contrário: aquecer o planeta enquanto refresca determinadas salas.

O ar-condicionado é responsável por parte do CO2 gerado nas usinas de eletricidade em que operam, produzindo 4 bilhões de toneladas de CO2, 12% do total, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Além disso, usinas — algumas movidas a carvão ou diesel — são acionadas para atender ao consumo desses aparelhos. Isso quer dizer que o uso de ar-condicionado está levando os países a construir não apenas mais usinas, como também usinas mais poluentes.

Embora especialistas alertem para as consequências ambientais do ar-condicionado, estudos também sugerem benefícios interessantes. O pesquisador Solomon Hsiang, da Universidade da Califórnia, calculou que, no Caribe e na América Central, o PIB cai em 1% para cada grau acima de 26°. E na Dinamarca, estudos mostram que as escolas com ar-condicionado nas salas de aula melhoraram a capacidade das crianças de aprender matemática e idiomas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 milhão de mortes poderiam ser atribuídas ao aumento das temperaturas até 2050.

Tendências mundiais colaboram para a disseminação do ar-condicionado. A proliferação dos arranha-céus nas megacidades em desenvolvimento torna o uso do aparelho quase que obrigatório. Já os shoppings, escritórios abertos e centros de processamento de dados são inconcebíveis sem ar-condicionado.

Em alguns anos, a tecnologia será uma das grandes responsáveis por produzir aparelhos com fontes limpas que garantam os mesmos benefícios do ar-condicionado e reduzam os impactos da refrigeração, à medida que as temperaturas aumentem no mundo mundo todo.

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